quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

SAWABONA

"SAWABONA"
por Flávio Gikovante



Não é apenas o avanço tecnológico que marcou o início deste milênio. As relações afetivas também estão passando por profundas transformações e revolucionando o conceito de amor. O que se busca hoje é uma relação compatível com os tempos modernos, na qual existe individualidade, respeito,alegria e prazer de estar junto e “não mais” uma relação de dependência, em que um responsabiliza o outro pelo seu bem-estar.


A  idéia de uma pessoa ser o remédio para nossa felicidade que nasceu com o romantismo, está fadada a desaparecer neste início de século. O amor romântico parte da premissa de que somos uma fração e precisamos encontrar nossa outra metade para nos sentirmos completos. 

Muitas vezes ocorre até um processo de despersonalização, que historicamente tem atingido “mais a mulher”. Ela abandona suas características para se amalgamar ao projeto masculino. A teoria da ligação entre opostos também vem dessa raiz: o outro tem de saber fazer o que eu não sei. 
Se sou manso ele deve ser agressivo, e assim por diante. 
Uma idéia prática de sobrevivência e pouco romântica, por sinal.  
  
A palavra de ordem deste século é parceria.
Estamos trocando o amor de necessidade, pelo amor de desejo. 
Eu gosto e desejo a companhia, mas “não preciso” o que é muito diferente! 

Com o avanço tecnológico, que exige mais tempo individual, as pessoas estão perdendo o pavor de ficar sozinhas e aprendendo a conviver melhor consigo mesmas. 

Elas estão começando a perceber que se sentem fração, mas são inteiras. 

O outro, com o qual se estabelece um elo, também se sente uma fração. 
Não é príncipe ou salvador de coisa nenhuma.



É apenas um companheiro de viagem.

O ser humano é um animal que vai mudando o mundo e depois tem de ir se relacionando, para se adaptar ao mundo que fabricou. 

Estamos entrando na era da individualidade, o que não tem nada a ver com egoísmo. 
O egoísta não tem energia própria; ele se alimenta da energia que vem do outro, seja ela financeira ou moral.

A nova forma de amor, ou mais amor, tem nova feição e significado. 
Visa a aproximação de dois inteiros “e não” a união de duas metades. E ela só é possível para aqueles que conseguem trabalhar sua individualidade.

Quanto mais o indivíduo for competente para viver sozinho, mais preparado estará para uma boa relação afetiva. 

A solidão é boa. Ficar sozinho não é vergonhoso. 
Ao contrário, dá dignidade a pessoa. 
As boas relações afetivas são ótimas.   
São muito parecidas com o ficar sozinho. 
Ninguém exige nada de ninguém e ambos crescem!

 
Relações de dominação e de concessões exageradas são coisas do século passado. 

Cada cérebro é único! 

Nosso modo de pensar e agir não serve de referência para avaliar ninguém. 

Muitas vezes pensamos que o outro é nossa alma gêmea e na verdade o que fizemos foi inventá-lo ao nosso gosto. 


Todas as pessoas deveriam ficar sozinhas de vez em quando, para estabelecer um “diálogo interno” e descobrir sua força pessoal.   

Na solidão o indivíduo entende que a harmonia e a paz de espírito só podem ser encontradas dentro dele mesmo,  e ao perceber isso ele se torna menos crítico e mais compreensivo quanto às diferenças, respeitando a maneira de ser de cada um.  

O amor de duas pessoas inteiras é bem mais saudável.

Nesse tipo de ligação há o aconchego, o prazer da companhia e o respeito pelo ser amado. 
Nem sempre é suficiente ser perdoado por alguém. 
Algumas vezes temos de aprender a perdoar a “nós mesmos”.

“Sawabona” é um cumprimento usado pelos povos do sul da áfrica e quer dizer:

Eu te respeito! Eu te valorizo! Você é importante pra mim!

Sawabona prá você!!!
 
Rosana Simpson 


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